Pesquisar este blog

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O porta-retratos sobre o piano

Eliane F.C.Lima

Toninho era diferente de seus irmãos. Todos eram branquinhos, ele, moreninho. Todos eram robustos, ele, um graveto. Todos paradões. Toninho, a vida era pouca para ele. Puxou ao bisavô paterno. Diziam.
Quebrou a perna, um dedo da mão, costurou várias vezes a cabeça, teve dor de barriga feia: comeu fruta desconhecida.
No quintal, conhecia todos os buracos de formiga. Achava a minhoca mais escondida. Os cachorros andavam atrás feito sombras. Mal aparecia, rabinhos balançando, verdadeira adoração. Pois se o garoto era pura ternura!
É claro, Toninho morreu menino. Viveu mais do que qualquer um em menos tempo. E precisava ver, com urgência, o que havia no outro mundo.

Nenhum comentário: