Eliane F.C.Lima
Vive quieta na teia, casa própria. Não perde tempo com mitologia, Minerva, seu castigo implacável, inveja divina da antiga beleza de mulher. Afinal, que beleza maior do que aquelas pernas finíssimas, tantas, aquele corpo peludo e negro?
Balança, em sua seda trançada, mais resistente que cabo de aço, feliz de sua aranhice convicta. Espécie de aracnídeo, nada sabe da Grécia, nova ou antiga, atravessado o Rio Letes do esquecimento. Só o tecer ainda o mesmo, trânsito entre os tempos e as formas.
Perdida sua formosura humana – pudesse falar, discutiria a parcialidade do ato narrativo –, a paciência é sua maior virtude. Fica ali, dormindo, abraçada aos fios, casa-cama-caçada.
Ao menor balanço, abre um olho: vento ou presa? No segundo caso, não se afoba. Deixa-se ficar algum tempo, cansando o almoço, não vá ter trabalho. Depois, toda preguiça, sem pressa alguma, caminha para o banquete.
Nunca perde uma refeição: inseto que passe não é mais inseto. Como agora.
Vive quieta na teia, casa própria. Não perde tempo com mitologia, Minerva, seu castigo implacável, inveja divina da antiga beleza de mulher. Afinal, que beleza maior do que aquelas pernas finíssimas, tantas, aquele corpo peludo e negro?
Balança, em sua seda trançada, mais resistente que cabo de aço, feliz de sua aranhice convicta. Espécie de aracnídeo, nada sabe da Grécia, nova ou antiga, atravessado o Rio Letes do esquecimento. Só o tecer ainda o mesmo, trânsito entre os tempos e as formas.
Perdida sua formosura humana – pudesse falar, discutiria a parcialidade do ato narrativo –, a paciência é sua maior virtude. Fica ali, dormindo, abraçada aos fios, casa-cama-caçada.
Ao menor balanço, abre um olho: vento ou presa? No segundo caso, não se afoba. Deixa-se ficar algum tempo, cansando o almoço, não vá ter trabalho. Depois, toda preguiça, sem pressa alguma, caminha para o banquete.
Nunca perde uma refeição: inseto que passe não é mais inseto. Como agora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário