Eliane F.C.Lima
Dizem que os cachorros é que escolhem seus donos. Dentro do universo com que convivem, é claro. Tive a comprovação um dia, numa conversa com uma senhora muito agradável.
Sua filha, casada, com dois filhos e um marido bom, precisou fazer obras de urgência em sua casa. Como um dos meninos fosse alérgico, mudou-se provisoriamente para a casa da mãe. Teve de levar o cachorro.
O pai, que era um homem metódico, aceitou com reservas aquilo. Primeiro, a confusão dos netos. Gostava muito dos meninos, mas em visita, com hora certa para chegar e para ir. Quando, ao final do dia, todos se despediam, o velho, feliz, beijava os netos. Feliz por tê-los visto e convivido com eles, mas, também, por poder, retomar sua calma e a mulher, dividida por tantos, finalmente, só para si.
O pior foi convencer o marido a aceitar a presença do cachorro. A pobre coitada ficou em um conflito. Usou toda a sua diplomacia para que ele aceitasse. Mas foram impostas algumas condições. Animal, só na parte de serviço.
Chegados todos, a casa ficava sempre meio agitada.
Durante a semana, porém, crianças na escola, pais no trabalho, o avô relaxava. Mas sempre que ele chegava à cozinha, lá da área, Tutu latia, abanava o rabinho, derretia-se todo. Meio sem jeito, o velho ia lá fazer uma festinha.
Passados os dias, ele já vinha para o café da manhã e ia direto “falar” com o bicho, antes de se sentar à mesa.
Um dia, chegando das compras, a mulher, boquiaberta, viu seu vultinho peludo deitado na sala.
Sem saber o que dizer, o marido contou que o cachorro tinha ficado chorando lá atrás. Ele ficou com pena.
Resultado, acabada a obra, filha e família voltaram para casa. Levaram Tutu. Que começou a ficar doente, melancólico, nem olhava para a comida.
No apartamento, o avô ia pelo mesmo caminho. Emagreceu um pouco. Dizia-se preocupado com a saúde do cachorro.
De visita para ver como é que ele ia, o cachorro ganiu até que o homem chegasse perto. E dessa vez, foi o avó que convenceu a todo mundo, principalmente aos netos, que Tutu tinha de voltar.
Cachorro e avô gordos, agora juntos, respiram aliviados, quando as crianças se vão.
Dizem que os cachorros é que escolhem seus donos. Dentro do universo com que convivem, é claro. Tive a comprovação um dia, numa conversa com uma senhora muito agradável.
Sua filha, casada, com dois filhos e um marido bom, precisou fazer obras de urgência em sua casa. Como um dos meninos fosse alérgico, mudou-se provisoriamente para a casa da mãe. Teve de levar o cachorro.
O pai, que era um homem metódico, aceitou com reservas aquilo. Primeiro, a confusão dos netos. Gostava muito dos meninos, mas em visita, com hora certa para chegar e para ir. Quando, ao final do dia, todos se despediam, o velho, feliz, beijava os netos. Feliz por tê-los visto e convivido com eles, mas, também, por poder, retomar sua calma e a mulher, dividida por tantos, finalmente, só para si.
O pior foi convencer o marido a aceitar a presença do cachorro. A pobre coitada ficou em um conflito. Usou toda a sua diplomacia para que ele aceitasse. Mas foram impostas algumas condições. Animal, só na parte de serviço.
Chegados todos, a casa ficava sempre meio agitada.
Durante a semana, porém, crianças na escola, pais no trabalho, o avô relaxava. Mas sempre que ele chegava à cozinha, lá da área, Tutu latia, abanava o rabinho, derretia-se todo. Meio sem jeito, o velho ia lá fazer uma festinha.
Passados os dias, ele já vinha para o café da manhã e ia direto “falar” com o bicho, antes de se sentar à mesa.
Um dia, chegando das compras, a mulher, boquiaberta, viu seu vultinho peludo deitado na sala.
Sem saber o que dizer, o marido contou que o cachorro tinha ficado chorando lá atrás. Ele ficou com pena.
Resultado, acabada a obra, filha e família voltaram para casa. Levaram Tutu. Que começou a ficar doente, melancólico, nem olhava para a comida.
No apartamento, o avô ia pelo mesmo caminho. Emagreceu um pouco. Dizia-se preocupado com a saúde do cachorro.
De visita para ver como é que ele ia, o cachorro ganiu até que o homem chegasse perto. E dessa vez, foi o avó que convenceu a todo mundo, principalmente aos netos, que Tutu tinha de voltar.
Cachorro e avô gordos, agora juntos, respiram aliviados, quando as crianças se vão.
2 comentários:
A ternura presente nesta história cativou-me,pois eu também adoro o meu gato.
Um bocadinho mais livre,pois só se chega a mim quando lhe apetece.
Voltarei a visitá-la.
Querida Aldina,
Deixe um e-mail em "literaturaemvida@gmail.com" para que eu possa contatá-la. Não publico o e-mail, está claro. Tenho um conto "A gata", que deve ser postado adiante. Nele está justamente a sua última frase.
Abraços,
Eliane F.C.Lima
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