Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
Quem vê aquele homem de bengala, guiado por seu cão, se abaixar e fazer-lhe um afago, humildemente, carinhoso e grato, fica comovido. Mas nem sempre foi assim.
Mocinho ainda, sentava no banco do motorista do ônibus como se fosse um trono. Era a única vez em que era importante. Dali dirigia a vida dos passageiros. As que podia. Não se metia com qualquer um, não. Claro. Vingava-se de estudantes e idosos, todos em suas mãos.
Sua profissão era necessária: muitos dependiam dele, os que esperavam no ponto, principalmente. Muitas vezes ele passava direto. De propósito. Para mostrar quem mandava. Exercitava seu poder.
Sabia de sua importância: errando na direção, colocaria a vida dos passageiros em risco. Sentia-se um rei. Era o que compensava sua rotina medíocre de homem sem muita ambição e futuro.
Sua camisa estava sempre limpa e cheirosa, valorização de seu papel social, homem-deus.
Não permitia que vendedores de balas entrassem em seu veículo, nem pessoas com malinhas de animais, guardadinhos e quietos, nenhum estorvo para os outros passageiros. No ponto inicial, palavra definitiva:
- Em meu ônibus cachorro não entra.
Ia embora estourando de orgulho, coluna ereta, cabeça levantada. Mais arrogante do que o dono da empresa. Estava ganho o dia.
Mas o tempo passou, não muito. Um diabetes galopante, herdado de não sei quem da família, o fez se afastar do trabalho. Ficando cego, aposentado de vez. Bengala branca de um lado, no outro, doado por uma pessoa caridosa, teve de ceder o trono e o poder para um modesto cão.
Quem vê aquele homem de bengala, guiado por seu cão, se abaixar e fazer-lhe um afago, humildemente, carinhoso e grato, fica comovido. Mas nem sempre foi assim.
Mocinho ainda, sentava no banco do motorista do ônibus como se fosse um trono. Era a única vez em que era importante. Dali dirigia a vida dos passageiros. As que podia. Não se metia com qualquer um, não. Claro. Vingava-se de estudantes e idosos, todos em suas mãos.
Sua profissão era necessária: muitos dependiam dele, os que esperavam no ponto, principalmente. Muitas vezes ele passava direto. De propósito. Para mostrar quem mandava. Exercitava seu poder.
Sabia de sua importância: errando na direção, colocaria a vida dos passageiros em risco. Sentia-se um rei. Era o que compensava sua rotina medíocre de homem sem muita ambição e futuro.
Sua camisa estava sempre limpa e cheirosa, valorização de seu papel social, homem-deus.
Não permitia que vendedores de balas entrassem em seu veículo, nem pessoas com malinhas de animais, guardadinhos e quietos, nenhum estorvo para os outros passageiros. No ponto inicial, palavra definitiva:
- Em meu ônibus cachorro não entra.
Ia embora estourando de orgulho, coluna ereta, cabeça levantada. Mais arrogante do que o dono da empresa. Estava ganho o dia.
Mas o tempo passou, não muito. Um diabetes galopante, herdado de não sei quem da família, o fez se afastar do trabalho. Ficando cego, aposentado de vez. Bengala branca de um lado, no outro, doado por uma pessoa caridosa, teve de ceder o trono e o poder para um modesto cão.
2 comentários:
É a vida sempre ensinando aos arrogantes. Realista ou não, a mensagem está implícita no conto. Gostei muito! Beijos, Marise
Como sempre, valioso. Abraços
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