Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
Sentou-se no banco vazio do ônibus e viu o pacote embrulhado e amarrado. Olhou em volta e não viu o dono.
Ficou na dúvida, ao saltar, perigos rondando nesse mundo moderno.
Mas levou o pacote para o escritório. Cheio de medo, respirou fundo e abriu: dentro, um caderno de capa dura, verde, devia ser caro. E todo em branco.
Aquela era uma grande novidade em seu dia de náufrago da vida. Acordava pela manhã e lamentava ter acordado, lamento mesmo de estar vivo. Dormir era o único lenitivo daquele vazio em que se debatia agora. Comer, andar, trabalhar, decidir-se a prosseguir, enfim, era como um esforço digno de Ulisses.
Mas fez o que era obrigado a fazer o resto do dia. Porém separou alguns momentos do final para sentar-se, colocar a data do dia e tomar nota de seu achado, meio um aventureiro que lança a bandeira de seu país em terra nova. Mas, quando percebeu, tinha escrito mais, tinha narrado todo o dia, tinha falado de si, de sua angústia, de seu nada.
E, passada a hora de sair, trancou a porta apressado, como alguém que comete um pequeno deslize, quase um pecado. Mas com uma sensação de não sei quê, talvez alívio?
No dia seguinte, ao acordar, lembrou da aventura anterior. Olhando no espelho do banheiro, escova e pasta, ousou sorrir? E foi ao encontro de suas difíceis tarefas... e de seu caderno.
Abriu o armário e olhou para ele com um pré-entusiasmo. Fez tudo que devia, mas, vez ou outra, lançava um olhar de namorado para a porta da estante. E contou no relógio os minutos que faltavam para o encontro.
Afinal, abriu-o, acariciou a página em branco, lançou a data e escreveu.
E não narrava mais sobre si, havia seres que nunca tinha conhecido, histórias que nunca tinha vivido. E foram páginas e páginas devoradas, numa fome de louco. E foi embora numa viagem mística, numa viagem mágica, numa viagem magnética.
Saiu tarde do trabalho, caminhando com as mãos nos bolsos, assobiando uma canção inventada.
Aguardo-o, visitante, em meus blogues Literatura em vida 2 (link) e Poema Vivo (link).
Sentou-se no banco vazio do ônibus e viu o pacote embrulhado e amarrado. Olhou em volta e não viu o dono.
Ficou na dúvida, ao saltar, perigos rondando nesse mundo moderno.
Mas levou o pacote para o escritório. Cheio de medo, respirou fundo e abriu: dentro, um caderno de capa dura, verde, devia ser caro. E todo em branco.
Aquela era uma grande novidade em seu dia de náufrago da vida. Acordava pela manhã e lamentava ter acordado, lamento mesmo de estar vivo. Dormir era o único lenitivo daquele vazio em que se debatia agora. Comer, andar, trabalhar, decidir-se a prosseguir, enfim, era como um esforço digno de Ulisses.
Mas fez o que era obrigado a fazer o resto do dia. Porém separou alguns momentos do final para sentar-se, colocar a data do dia e tomar nota de seu achado, meio um aventureiro que lança a bandeira de seu país em terra nova. Mas, quando percebeu, tinha escrito mais, tinha narrado todo o dia, tinha falado de si, de sua angústia, de seu nada.
E, passada a hora de sair, trancou a porta apressado, como alguém que comete um pequeno deslize, quase um pecado. Mas com uma sensação de não sei quê, talvez alívio?
No dia seguinte, ao acordar, lembrou da aventura anterior. Olhando no espelho do banheiro, escova e pasta, ousou sorrir? E foi ao encontro de suas difíceis tarefas... e de seu caderno.
Abriu o armário e olhou para ele com um pré-entusiasmo. Fez tudo que devia, mas, vez ou outra, lançava um olhar de namorado para a porta da estante. E contou no relógio os minutos que faltavam para o encontro.
Afinal, abriu-o, acariciou a página em branco, lançou a data e escreveu.
E não narrava mais sobre si, havia seres que nunca tinha conhecido, histórias que nunca tinha vivido. E foram páginas e páginas devoradas, numa fome de louco. E foi embora numa viagem mística, numa viagem mágica, numa viagem magnética.
Saiu tarde do trabalho, caminhando com as mãos nos bolsos, assobiando uma canção inventada.
Aguardo-o, visitante, em meus blogues Literatura em vida 2 (link) e Poema Vivo (link).
4 comentários:
Querida amiga, senti-me assim quando comecei a escrever poesias. Foi uma descoberta como por acaso. Maravilhoso conto! Quem dera que todos os que estivessem à beira do desânimo encontrassem o seu caderno em branco.
Adorei! Beijos, Marise
O escritor latente... Que só aguarda uma fresta por onde possa passar; e transgredir, embarrigar, dar à luz outras possibilidades, outras vidas... Se o escritor ainda dorme, nada como o encantamento do infinito do papel em branco para despertá-lo.
Lindo, esse conto.
Bjs, Eliane. E inté!
Eliane!
Muito belo esse conto seu! Mais um para nosso total deleite.
Eu disse lá no meu blog que admiro bastante seu estilo (!) e o confirmo aqui: adoro mesmo, e o considero muito diferente de todos os outros que leio!
Ainda vou defini-la, amiga...pode deixar...aguarde-me.
Um grande abraço e perdoe se a visito às pressas, é que estive realmente afastada um bom tempo, por razões cirúrgicas, e estou retornando agora, devagar.
Sucesso sempre!
Querida amiga Eliane, eu já falei uma vez, e volto a falar, você é dessas pessoas que eu adoraria passar horas infinitas ao seu lado escutando você, pois tudo que escreves, a gente ama ler, tem um que especial, onde sabes prender o leitor até ao fim, e voltar a ler, sem falar na sua grandeza de alma AMIGA, isso neste mundo Globalizando, é um dado importante, pois nos sentimos acarinhados com sua amizade e carinho, ADOREI ESTE ESPAÇO DE CONTOS, beijos Efigenia
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