Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
- É bom você amolecer seu coração, porque se endurecer mais, ele para.
O rosto ficou vermelho, a camisa molhou-se mais de suor, corpo acostumado ao ar condicionado. Vereador, queria se reeleger. Tinha de andar pelo sol, muitas caras morenas em volta, abraços demorados em corpos malcheirosos.
Teve vontade de desancar, “sai da frente, sua embusteira!”, diante daquela imagem de feiticeira de tribo. Não podia, tipo popular, o povo todo adorava. Até ele já conhecia histórias fantásticas.
A mulher benzia pessoas, muitas curas, juravam. Era capaz de passar a noite toda acordada, umas palavras sussurradas e dando umas beberagens desconhecidas. Dia seguinte, o tal levantava da cama. Conhecia o destino do vivente só olhando na cara. Acertava sempre.
Todo mundo procurava na sua casinha de um cômodo só e banheiro. No meio do mato, construída por ela, tijolo por tijolo. Quase não tinha móveis, nem panelas, tudo de barro.
Não cobrava nada pelas adivinhações. Levavam para ela galinha, legumes, frutas, porquinho para criar. Morriam de velhos.
Um dia, chuva forte, um de respeito parou o carro, abriu a porta. Ela, que vinha passando na calçada, estacou, de repente. Pingando água, mandou levar o menino, que olhava do banco de trás, curioso, para o hospital. A criança não tinha nada. Mas, à noite, crise de apendicite, internado às pressas. O pai, meio assustado, tinha deixado as chaves do carro à mão.
O vereador foi embora aborrecido. E com medo. Era um trapaceiro.
Foi à capital para um check up. Internado, após os exames, foi direto para a mesa de operação.
De volta a casa, visita: a mesma feiticeira, cabelos longos e lisos, cara de índia. Repetiu, devagar, a frase.
Reunidos os assessores, marcou entrevistas com o povo. Passou a ouvir o que os pobres diziam, anotações feitas, melhorias para todos.
Alguns anos depois, por enquete popular, foi apontado o melhor prefeito do município de todos os tempos.
- É bom você amolecer seu coração, porque se endurecer mais, ele para.
O rosto ficou vermelho, a camisa molhou-se mais de suor, corpo acostumado ao ar condicionado. Vereador, queria se reeleger. Tinha de andar pelo sol, muitas caras morenas em volta, abraços demorados em corpos malcheirosos.
Teve vontade de desancar, “sai da frente, sua embusteira!”, diante daquela imagem de feiticeira de tribo. Não podia, tipo popular, o povo todo adorava. Até ele já conhecia histórias fantásticas.
A mulher benzia pessoas, muitas curas, juravam. Era capaz de passar a noite toda acordada, umas palavras sussurradas e dando umas beberagens desconhecidas. Dia seguinte, o tal levantava da cama. Conhecia o destino do vivente só olhando na cara. Acertava sempre.
Todo mundo procurava na sua casinha de um cômodo só e banheiro. No meio do mato, construída por ela, tijolo por tijolo. Quase não tinha móveis, nem panelas, tudo de barro.
Não cobrava nada pelas adivinhações. Levavam para ela galinha, legumes, frutas, porquinho para criar. Morriam de velhos.
Um dia, chuva forte, um de respeito parou o carro, abriu a porta. Ela, que vinha passando na calçada, estacou, de repente. Pingando água, mandou levar o menino, que olhava do banco de trás, curioso, para o hospital. A criança não tinha nada. Mas, à noite, crise de apendicite, internado às pressas. O pai, meio assustado, tinha deixado as chaves do carro à mão.
O vereador foi embora aborrecido. E com medo. Era um trapaceiro.
Foi à capital para um check up. Internado, após os exames, foi direto para a mesa de operação.
De volta a casa, visita: a mesma feiticeira, cabelos longos e lisos, cara de índia. Repetiu, devagar, a frase.
Reunidos os assessores, marcou entrevistas com o povo. Passou a ouvir o que os pobres diziam, anotações feitas, melhorias para todos.
Alguns anos depois, por enquete popular, foi apontado o melhor prefeito do município de todos os tempos.
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