Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
Uma vez ou outra, tinha um dia inteiro de folga, fora do domingo. Pessoas comuns vão fazer compras, vão ao cinema, dormem no sofá, televisão às moscas.
Ela, não. Sentava em uma mesinha de bar do lado de fora, em rua bem movimentada. Pedia umas batatas fritas, porção grande, para durar, um chopinho, para ser bebido aos goles, vagarosamente. Porque não era pelo bar, pelas batatas ou pelo chope que estava ali. Era para olhar para as pessoas. As caras das que passavam, apressadas, das que paravam. As conversas entreouvidas, duas ou três aglomeradas. O papo na frente do jornaleiro.
Fartava-se de vozes, de desculpas, de sorrisos, até de palavrões, tropeção dado sem querer.
Ouviu histórias inacreditáveis, confissões de amor, negócios combinados, apelido gritado por um que passava a alguém do outro lado da rua, discussões frenéticas sobre o jogo de futebol da véspera, mentiras óbvias escutadas com credulidade por uma boca aberta.
Custava a ouvir, porém, a voz do garçom, oferecimento de mais um chopinho. E ia ficando.
Quase noite, ia embora, a alma cheia de humanidade. Sentava-se em sua escrivaninha e escrevia seus contos. Mais um livro a publicar.
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