Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
Velho professor de língua portuguesa, usava as palavras com significados de dicionário e, por isso, às vezes tinha problemas. A língua é um produto social vivo e os termos vão adquirindo novas conotações populares.
Era daqueles que usava a palavra “ignorante” para adjetivar, corretamente, alguém que não sabia de alguma coisa. Muitos se ofenderam, dizendo que não eram grosseiros coisa nenhuma!
Uma vez, como um aluno conversasse muito, chamou a coordenadora e disse que havia um sujeito atrapalhando a aula. No dia seguinte, a mãe do adolescente, que estudava e trabalhava também, apareceu na escola com sua carteira de trabalho, para provar que o filho não era vagabundo. Muito surpreso, o professor negou que houvesse dito aquilo. Até chegar à expressão mal entendida. Dicionário na mão, custou a convencer a tal senhora.
Mas duas vezes, a situação ficou bem difícil. Uma vez, se referindo às categorias gramaticais, chegou às interjeições. Para exemplificar, disse a um menininho: “Oxalá você seja um homem de bem!”. Comprou uma briga com a família do garoto. Mãe e pai foram à escola resolvidos a ir ao Ministério da Educação denunciar o abuso dele. Que direito ele tinha de ensinar ao filho religião diferente daquela que ele aprendera desde o berço?
Mas a pior de todas foi aquela em que se meteu, já quase perto de se aposentar. Comentando que, não só no Brasil há casos de corrupção, contou aos garotos que, em um outro país, o dono de uma empresa tinha enriquecido desonestamente. Ele sempre ganhava em seus negócios com o governo, porque procurava um determinado ministro, diretamente, e “transava com ele”, enunciou com palavras muito bem escandidas. O que o pobre homem não imaginava era que os jovenzinhos atualizaram a expressão.
Muito admirados, chegaram a casa e contaram aquela história tão escabrosa para eles como para o professor, mas por motivos bem diferentes.
Numa reunião em que estava até a direção, alguns pais “queriam a cabeça” do professor por conduta inadequada. Os mais exaltados, porém, de acordo com a onda do momento, ameaçavam ir à delegacia denunciá-lo por aliciamento de menores.
Velho professor de língua portuguesa, usava as palavras com significados de dicionário e, por isso, às vezes tinha problemas. A língua é um produto social vivo e os termos vão adquirindo novas conotações populares.
Era daqueles que usava a palavra “ignorante” para adjetivar, corretamente, alguém que não sabia de alguma coisa. Muitos se ofenderam, dizendo que não eram grosseiros coisa nenhuma!
Uma vez, como um aluno conversasse muito, chamou a coordenadora e disse que havia um sujeito atrapalhando a aula. No dia seguinte, a mãe do adolescente, que estudava e trabalhava também, apareceu na escola com sua carteira de trabalho, para provar que o filho não era vagabundo. Muito surpreso, o professor negou que houvesse dito aquilo. Até chegar à expressão mal entendida. Dicionário na mão, custou a convencer a tal senhora.
Mas duas vezes, a situação ficou bem difícil. Uma vez, se referindo às categorias gramaticais, chegou às interjeições. Para exemplificar, disse a um menininho: “Oxalá você seja um homem de bem!”. Comprou uma briga com a família do garoto. Mãe e pai foram à escola resolvidos a ir ao Ministério da Educação denunciar o abuso dele. Que direito ele tinha de ensinar ao filho religião diferente daquela que ele aprendera desde o berço?
Mas a pior de todas foi aquela em que se meteu, já quase perto de se aposentar. Comentando que, não só no Brasil há casos de corrupção, contou aos garotos que, em um outro país, o dono de uma empresa tinha enriquecido desonestamente. Ele sempre ganhava em seus negócios com o governo, porque procurava um determinado ministro, diretamente, e “transava com ele”, enunciou com palavras muito bem escandidas. O que o pobre homem não imaginava era que os jovenzinhos atualizaram a expressão.
Muito admirados, chegaram a casa e contaram aquela história tão escabrosa para eles como para o professor, mas por motivos bem diferentes.
Numa reunião em que estava até a direção, alguns pais “queriam a cabeça” do professor por conduta inadequada. Os mais exaltados, porém, de acordo com a onda do momento, ameaçavam ir à delegacia denunciá-lo por aliciamento de menores.
Um comentário:
Ah, as possibilidades da nossa língua, quem há de entendê-las?!
Querida amiga, estou de volta e já me deliciando e me atualizando com os teus contos. Cada um com o toque preciso da escritora que és.
Agora estou partida para teus outros blogs.
Beijos,
Marise
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