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domingo, 27 de dezembro de 2009

Fruto do mar

Eliane F.C.Lima

Desde os tempos de garoto, era todo concentração.
Um dia, pela primeira vez foi à praia, morador de uma cidade de interior.
A família apertada no carro velho, a praia afastada, vidro aberto da janela, seu rosto era só verde e vento. O veículo corria, mas ele ficava na estrada, plantado nos troncos das árvores e ia diminuindo, diminuindo...
Na água, as outras crianças, explosão de tanta alegria e sal, golfinhos. Ele, mãos enfiadas no chão, era um monte de areia.
Na beira d’água, olhando as ondas, seu corpo liquefeito, ia e vinha, espuma borbulhando na praia.
Cara virada para o alto, subia e planava, suas asas. Todo gaivota, girando no azul, seus olhos, de cima para baixo, prata de peixe e mar.
Durante um bom tempo, indo à escola e em casa, seus livros, ele foi concha e maresia.

2 comentários:

Emoções disse...

Eu gostaria muito de viver em frente ao mar. Abrir a janela e sentir o cheiro da maresia e o ouvir o som do quebrar das ondas ...

ju rigoni disse...

Lendo e me deliciando com as belíssimas imagens. Apreciei também a sutileza da mensagem subjacente; a influência do contato íntimo com a
natureza sobre a construção do ser humano, (corpo, mente, alma), - no seu tempo de brincar, de voar com a imaginação... Lindo, Eliane!

Bjs e inté!