Eliane F.C.Lima
Tinha resolvido deixar de filosofar e partir para as coisa práticas. Comprou uma máquina fotográfica e andava sempre com ela na bolsa. Testemunha da realidade. Pretendia coletar material. Cenas excepcionais, como a garça caminhando pelo parque. Tinha um arquivo grande e rico. De fazer inveja a muito fotógrafo de jornal.
Uma tarde, tirou três fotos de um pássaro enorme pousado na amurada de uma ponte. Como precaução. E a ave se deixando apanhar pela máquina. Indiferente. Até que o pássaro se foi, meio assustado. Ainda registrou seu voo, magníficas asas abertas.
À noite, no jornal da tevê, a notícia de um homem que tinha pulado de uma ponte. Achou que era a mesma, foi conferir.
Ligou o computador e descarregou as fotos do dia. Era a mesma ponte. E era o mesmo homem, lá no cantinho. Como não tinha visto, tão fascinada pelo pássaro estava?!
A sequência de fotos – coisa incrível! –, a partir da quarta, acompanhava a queda do tal. Que não tinha pulado, mas sido jogado. O responsável estava ali. Um especialista seria capaz de identificar.
Foi várias vezes ao telefone de informações, queria o da reportagem de um jornal. Pensou que não devia haver ninguém lá naquela hora.
Não dormiu à noite, ansiosa pelo dia seguinte.
Logo cedo, informada, ligou para o jornal. Não acreditaram de imediato. Teve de ameaçar ligar para o concorrente.
Em encontro sigiloso – tinha feito várias cópias –, entregou as fotos. Depois do furo de reportagem, a polícia entrou no caso. Descobriram o assassino e o resto caminhou como devia.
Tinha conseguido fotografar o imprevisível, que não era o pássaro: surpreendera o destino.
Entrou vários dias em reflexão. Há sempre, pelo menos, uma realidade a mais, diferente da que a gente vê. Sua realidade tinha sido o pássaro. Não fotografado, o homem teria se suicidado, não haveria um assassino. E ali, naquelas fotos, duas versões do animal: uma, seu voo altaneiro; outra, sua baixeza.
Tinha resolvido deixar de filosofar e partir para as coisa práticas. Comprou uma máquina fotográfica e andava sempre com ela na bolsa. Testemunha da realidade. Pretendia coletar material. Cenas excepcionais, como a garça caminhando pelo parque. Tinha um arquivo grande e rico. De fazer inveja a muito fotógrafo de jornal.
Uma tarde, tirou três fotos de um pássaro enorme pousado na amurada de uma ponte. Como precaução. E a ave se deixando apanhar pela máquina. Indiferente. Até que o pássaro se foi, meio assustado. Ainda registrou seu voo, magníficas asas abertas.
À noite, no jornal da tevê, a notícia de um homem que tinha pulado de uma ponte. Achou que era a mesma, foi conferir.
Ligou o computador e descarregou as fotos do dia. Era a mesma ponte. E era o mesmo homem, lá no cantinho. Como não tinha visto, tão fascinada pelo pássaro estava?!
A sequência de fotos – coisa incrível! –, a partir da quarta, acompanhava a queda do tal. Que não tinha pulado, mas sido jogado. O responsável estava ali. Um especialista seria capaz de identificar.
Foi várias vezes ao telefone de informações, queria o da reportagem de um jornal. Pensou que não devia haver ninguém lá naquela hora.
Não dormiu à noite, ansiosa pelo dia seguinte.
Logo cedo, informada, ligou para o jornal. Não acreditaram de imediato. Teve de ameaçar ligar para o concorrente.
Em encontro sigiloso – tinha feito várias cópias –, entregou as fotos. Depois do furo de reportagem, a polícia entrou no caso. Descobriram o assassino e o resto caminhou como devia.
Tinha conseguido fotografar o imprevisível, que não era o pássaro: surpreendera o destino.
Entrou vários dias em reflexão. Há sempre, pelo menos, uma realidade a mais, diferente da que a gente vê. Sua realidade tinha sido o pássaro. Não fotografado, o homem teria se suicidado, não haveria um assassino. E ali, naquelas fotos, duas versões do animal: uma, seu voo altaneiro; outra, sua baixeza.
Um comentário:
De uma máquina fotográfica pode-se revelar poesia e realidade, e deste belo conto também.
Adorei!
Beijos, Marise
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