Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
Ficou admirando a estatueta “no seu momento”, como chamava algumas horas da manhã que dedicava à leitura, sentado na biblioteca, diante de uma estante cheia de livros.
Era muito bonita mesmo, de porcelana fina. Fina e cara. Era um sábio chinês antigo, de uma daquelas dinastias, como havia lhe avisado o dono do antiquário. Intelectual, a comprara por amar os livros e as obras de arte. E, quando em um daqueles momentos tinha levantado a cabeça para refletir sobre o que estava lendo, batera com os olhos nela.
Mas o que seria um sábio, chinês ou não? Ele responderia às questões da vida? Daria conselhos às pessoas? Saberia, por fim resolver, com facilidade, as questões da própria vida? Um sábio seria mais feliz que as outras pessoas?
Nesse caminhar, lembrou-se de um velho, meio desdentado, que vivia numa cidadezinha do interior, onde tivera um sítio há muitos anos.
O velho não tinha profissão. Aliás, o velho não tinha nada, uma casinha de um cômodo, caindo aos pedaços, se é que aquilo podia ser chamado de casa. Vivia de expediente, como o povo diz, capina aqui, retira entulho lá. Ganhava só para comer... e mal. Fora a caridade do povo do lugar, um pouco menos pobre, que gostava muito dele.
Não sabia ler e não tinha ideia de absolutamente nada mais que não as cercanias em volta. Ia muito raramente até o centro de comércio, com muito susto. Não sabia que havia um mundo enorme em volta dele.
Um dia lhe perguntaram se ele havia votado para presidente. Ele perguntou se presidente era o mesmo que “perfeito”, que ele pronunciava com um “r” muito palatal. Então perguntaram, de novo, se ele sabia o que era um prefeito. “É o dono de tudo em volta, até da cidade”, disse rindo muito, todo contente da explicação.
- Até de você?
- Inté! – e riu mais ainda, talvez por se sentir, assim, protegido.
Contava que dormia muito bem. Que era isso que um homem feliz devia fazer. Não sem antes agradecer pelas coisas boas que tinha.
Novas postagens em meus blogues Poema Vivo (link) e Literatura em vida 2 (link).
Ficou admirando a estatueta “no seu momento”, como chamava algumas horas da manhã que dedicava à leitura, sentado na biblioteca, diante de uma estante cheia de livros.
Era muito bonita mesmo, de porcelana fina. Fina e cara. Era um sábio chinês antigo, de uma daquelas dinastias, como havia lhe avisado o dono do antiquário. Intelectual, a comprara por amar os livros e as obras de arte. E, quando em um daqueles momentos tinha levantado a cabeça para refletir sobre o que estava lendo, batera com os olhos nela.
Mas o que seria um sábio, chinês ou não? Ele responderia às questões da vida? Daria conselhos às pessoas? Saberia, por fim resolver, com facilidade, as questões da própria vida? Um sábio seria mais feliz que as outras pessoas?
Nesse caminhar, lembrou-se de um velho, meio desdentado, que vivia numa cidadezinha do interior, onde tivera um sítio há muitos anos.
O velho não tinha profissão. Aliás, o velho não tinha nada, uma casinha de um cômodo, caindo aos pedaços, se é que aquilo podia ser chamado de casa. Vivia de expediente, como o povo diz, capina aqui, retira entulho lá. Ganhava só para comer... e mal. Fora a caridade do povo do lugar, um pouco menos pobre, que gostava muito dele.
Não sabia ler e não tinha ideia de absolutamente nada mais que não as cercanias em volta. Ia muito raramente até o centro de comércio, com muito susto. Não sabia que havia um mundo enorme em volta dele.
Um dia lhe perguntaram se ele havia votado para presidente. Ele perguntou se presidente era o mesmo que “perfeito”, que ele pronunciava com um “r” muito palatal. Então perguntaram, de novo, se ele sabia o que era um prefeito. “É o dono de tudo em volta, até da cidade”, disse rindo muito, todo contente da explicação.
- Até de você?
- Inté! – e riu mais ainda, talvez por se sentir, assim, protegido.
Contava que dormia muito bem. Que era isso que um homem feliz devia fazer. Não sem antes agradecer pelas coisas boas que tinha.
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