Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
Desde que se entendera por gente via aquela escada em caracol no segundo andar da casa, indo para um terceiro, supostamente. A meio caminho havia uma porta e ele não podia passar.
Tinha perguntado várias vezes se a escada terminava ali, mas os adultos diziam que não, “era bem comprida.” Quando perguntava onde ia dar, respondiam que “a lugar nenhum”. Ora, aquilo não fazia sentido. E sempre tinha guardado a impressão que a resposta era uma mentira. Que havia um mistério, portanto, naquilo. E a imaginação se alimentava do enigma.
Já maiorzinho, tivera a ideia de olhar por fora da casa. Mas só tinha visto o telhado, que era bem alto em verdade. Haveria algum outro cômodo ali?
Com a adolescência, vieram os estudos rigorosos, provas, concursos e ele nem teve tempo de reparar mais no princípio da escada e sua porta.
Até que se mudaram para outra residência e, finalmente, para outro estado. E a escada lá ficou, na casa grande e antiga e no fundo de sua memória mais preciosa.
Nunca soube explicar por quê, mas sempre que um problema qualquer o perturbava, uma desilusão, uma contrariedade, uma tristeza, sua mente fugia do presente e tentava subir por aquela escada, abrir sua porta. Haveria algum abrigo misterioso naquele terceiro andar. E foi assim pela vida à fora.
Um dia, sem querer, às vésperas da aposentadoria, viu no jornal um anúncio de uma casa, lá em sua cidade natal. Chamou-lhe a atenção o endereço, viu que era a velha casa da infância. Por procuração com parentes, comprou-a.
Então voltou à cidade. E, quando finalmente subiu, havia um cheiro de mofo naquele acesso ao andar superior, com suas voltas contínuas. Lá em cima, outra porta, dando para lugar nenhum: uma espécie de diminuto terraço, atrás da casa. Como a gradinha era muito baixa, representava perigo para uma criança. Seria aquele o motivo de tanto segredo?
Tinha um plano de reformar o imóvel e morar ali. Mas a porta da escada continuaria trancadíssima, estimulando o devaneio dos pequenos. E não permitindo que seu tesouro escapasse. A escada em caracol levava direto ao andar da fantasia.
Há postagens novas em meus blogues Poema Vivo (link) e Literatura em vida 2 (link).
Desde que se entendera por gente via aquela escada em caracol no segundo andar da casa, indo para um terceiro, supostamente. A meio caminho havia uma porta e ele não podia passar.
Tinha perguntado várias vezes se a escada terminava ali, mas os adultos diziam que não, “era bem comprida.” Quando perguntava onde ia dar, respondiam que “a lugar nenhum”. Ora, aquilo não fazia sentido. E sempre tinha guardado a impressão que a resposta era uma mentira. Que havia um mistério, portanto, naquilo. E a imaginação se alimentava do enigma.
Já maiorzinho, tivera a ideia de olhar por fora da casa. Mas só tinha visto o telhado, que era bem alto em verdade. Haveria algum outro cômodo ali?
Com a adolescência, vieram os estudos rigorosos, provas, concursos e ele nem teve tempo de reparar mais no princípio da escada e sua porta.
Até que se mudaram para outra residência e, finalmente, para outro estado. E a escada lá ficou, na casa grande e antiga e no fundo de sua memória mais preciosa.
Nunca soube explicar por quê, mas sempre que um problema qualquer o perturbava, uma desilusão, uma contrariedade, uma tristeza, sua mente fugia do presente e tentava subir por aquela escada, abrir sua porta. Haveria algum abrigo misterioso naquele terceiro andar. E foi assim pela vida à fora.
Um dia, sem querer, às vésperas da aposentadoria, viu no jornal um anúncio de uma casa, lá em sua cidade natal. Chamou-lhe a atenção o endereço, viu que era a velha casa da infância. Por procuração com parentes, comprou-a.
Então voltou à cidade. E, quando finalmente subiu, havia um cheiro de mofo naquele acesso ao andar superior, com suas voltas contínuas. Lá em cima, outra porta, dando para lugar nenhum: uma espécie de diminuto terraço, atrás da casa. Como a gradinha era muito baixa, representava perigo para uma criança. Seria aquele o motivo de tanto segredo?
Tinha um plano de reformar o imóvel e morar ali. Mas a porta da escada continuaria trancadíssima, estimulando o devaneio dos pequenos. E não permitindo que seu tesouro escapasse. A escada em caracol levava direto ao andar da fantasia.
Há postagens novas em meus blogues Poema Vivo (link) e Literatura em vida 2 (link).
2 comentários:
Oi, Eliane, tudo bem? Muito obrigado e parabéns também pelo seu trabalho de pesquisa. Sobre o morro da Conceição, neste fim de semana (dias 20 e 21) vai ter um evento literário lá. E sobre Machado de Assis, é meu ´mestre´ literário, assim como Memórias de um sargento de milícias é um dos meus livros de cabeceira. Abraços!
Meu nome é António Batalha, estive a ver e ler algumas coisas de seu blog, achei-o muito bom, e espero vir aqui mais vezes. Meu desejo é que continue a fazer o seu melhor, dando-nos boas mensagens.
Tenho um blog Peregrino e servo, se desejar visitar ia deixar-me muito honrado.
Ps. Se desejar seguir meu blog será uma honra ter voce entre meus amigos virtuais, decerto irei retribuir com muito prazer. Siga de forma que possa encontrar o seu blog.
Deixo a minha benção e a paz de Jesus.
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