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domingo, 9 de setembro de 2012

Parábola * III

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Nasceram no mesmo dia. O pai, professor latinista, resolveu chamá-las de Letícia – alegria – e a outra, o seu contrário: Tristícia.
No entanto, a gêmea mal agraciada pelo nome, mostrou que quem escolhia seu destino era ela: mamava muito, chorava para ser colocada no colo, sorriu primeiro, andou primeiro, leu e escreveu primeiro, estudou mais e melhor.
A outra, desde o berço era enfezadinha: ficava lá, quietinha, e não fosse a mãe tomar conta das mamadas, morria de fome, sem um gemido, só dormindo.
Sempre foi magrinha, embora a mãe a entupisse de comida, para ver se crescia, engordava, perdia a apatia. Ao contrário da irmã, que entrava em todas as brincadeiras, até disputava com os meninos nas corridas. E ganhava. Músculos fortes, sorriso franco e eterno.
Letícia, sempre à sombra, tímida, na adolescência, não era convidada pelos rapazes a dançar. Nem sobravam rapazes para ela namorar, pois Tristícia tinha todos à sua volta.
Letícia morreu muito nova. E, mesmo a pouca vida que viveu, foi vivida pela metade. Trísticia, longeva, sempre provou que a vida era pouca para ela.

*"parábola1
[Do lat. parabola < gr. parabolé.] S. f. 1. Narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior... " (Dicionário Aurélio - Século XXI - versão digital)

"(pa.rá.bo.la)
sf.
1 Narrativa alegórica que evoca, por comparação, valores de ordem superior, encerra lições de vida e pode conter preceitos morais ou religiosos." (Aulete - dicionário digital)

Aguardo a sua gentil presença ainda em meus blogues Literatura em vida 2 (link) e Poema Vivo (link).

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