Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
Sempre sentava à beira do rio na parte da tarde, até começar a escurecer ou os mosquitos chegarem. Naquele dia, não foi diferente. Ou foi.
Dentro d'água havia algo como uma água-viva, mas não era mar, era rio. Algo como uma bola de cristal, mas boiava. Transparente e leve.
Meteu a mão por baixo, meio a medo. E venho trazendo para cima, devagar.
O sol bateu em cheio. E brilhou, em mil cores de cristal. Mas redonda.
Não sabia o motivo, mas a pele dos braços estava arrepiada. E os cabelos também.
E maravilhada viu que a luz não caía do sol sobre ela, mas subia daquilo para o sol. Ia subindo por um caminho aéreo, como milhões de partículas – douradas, azuis, esverdeadas, levemente rosas, brancas, transparentes? – e não via mais o seu começo. Perdido no espaço, os olhos ofuscados pela claridade da luz do sol ou daquilo.
Deslumbrada e, ao mesmo tempo, com muito susto, foi colocando a água-viva, bola de cristal, redondeza brilhante e leve – percebeu, sem consciência, que afinal não tinha peso – no chão. E sua mão ainda ficou cheia das partículas da estranha purpurina – que outro nome dar àquilo?
Mas a coisa estranha não baixou ao chão. Ficou meio levitando sobre o ar. E, em volta, nada se via bem, como em um dia de verão intenso, o clarão do sol apaga todas as formas.
Ela enxergou, porém, no brilho que subia uma forma de escada. E levantou o pé, toda indecisa, levada, entretanto, por um desejo sem nome. E foi, de degrau dourado e azul e esverdeado e levemente rosa e branco e transparente em degrau dourado e azul e esverdeado e levemente rosa e branco e transparente, subindo, já, ela mesma, água-viva, bola de cristal.
O pescador que chegou logo depois não viu nada.
(Conto registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)
Convido o visitante deste blogue a ir a Poema Vivo (por aqui) e a Literatura em vida 2 (o caminho é esse).
Estou ainda em:
1. Debates Culturais, onde passo, agora a publicar alguns artigos, bastando um clique, na lista "Colunistas", à direita, em Eliane Lima (link). 2. Recanto das Letras (aqui).
3. Portal Literal (aqui).
Sempre sentava à beira do rio na parte da tarde, até começar a escurecer ou os mosquitos chegarem. Naquele dia, não foi diferente. Ou foi.
Dentro d'água havia algo como uma água-viva, mas não era mar, era rio. Algo como uma bola de cristal, mas boiava. Transparente e leve.
Meteu a mão por baixo, meio a medo. E venho trazendo para cima, devagar.
O sol bateu em cheio. E brilhou, em mil cores de cristal. Mas redonda.
Não sabia o motivo, mas a pele dos braços estava arrepiada. E os cabelos também.
E maravilhada viu que a luz não caía do sol sobre ela, mas subia daquilo para o sol. Ia subindo por um caminho aéreo, como milhões de partículas – douradas, azuis, esverdeadas, levemente rosas, brancas, transparentes? – e não via mais o seu começo. Perdido no espaço, os olhos ofuscados pela claridade da luz do sol ou daquilo.
Deslumbrada e, ao mesmo tempo, com muito susto, foi colocando a água-viva, bola de cristal, redondeza brilhante e leve – percebeu, sem consciência, que afinal não tinha peso – no chão. E sua mão ainda ficou cheia das partículas da estranha purpurina – que outro nome dar àquilo?
Mas a coisa estranha não baixou ao chão. Ficou meio levitando sobre o ar. E, em volta, nada se via bem, como em um dia de verão intenso, o clarão do sol apaga todas as formas.
Ela enxergou, porém, no brilho que subia uma forma de escada. E levantou o pé, toda indecisa, levada, entretanto, por um desejo sem nome. E foi, de degrau dourado e azul e esverdeado e levemente rosa e branco e transparente em degrau dourado e azul e esverdeado e levemente rosa e branco e transparente, subindo, já, ela mesma, água-viva, bola de cristal.
O pescador que chegou logo depois não viu nada.
(Conto registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)
Convido o visitante deste blogue a ir a Poema Vivo (por aqui) e a Literatura em vida 2 (o caminho é esse).
Estou ainda em:
1. Debates Culturais, onde passo, agora a publicar alguns artigos, bastando um clique, na lista "Colunistas", à direita, em Eliane Lima (link). 2. Recanto das Letras (aqui).
3. Portal Literal (aqui).
3 comentários:
Às vezes, gostamos tanto de algo que nos tornamos parte daquilo. Parabéns pelo genial conto, Eliane, começando pelo título em latim, perfeito!
Boas Festas!
Beijos,
Marise
Oi, querida Eliane, hoje passando, ainda, pelos blogs dos amigos... Desejo a você um lindo Natal junto à sua família, com muita alegria e amor. Para o próximo ano, bem... que esse venha melhor, sempre melhor que o anterior.
Meu carinho pra você e agradeço pela sua presença tão especial nos meus blogs e pelos votos de Boas Festas.
bjs/ tais luso
Belíssimas imagens...Que texto bom de ler, reler; Virei fluído na tarde, tô escorrendo azuis de mar ~~~~~~~~
Bjos
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