Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
Tinha um velho sonho: escrever, pelo menos um conto. Quando menina, fazia belos textos, muito elogiados pelos professores.
O destino, brincalhão, no entanto, tinha trançado outros planos. Muita coisa, muita coisa mesmo tinha acontecido. Se fosse examinar sua vida, veria que a agulha do destino tinha ido de uma ponta a outra, e voltado para a primeira posição, e andado de novo para o outro extremo, e para lá e para cá. Mas ia beirando os sessenta e nunca tinha escrito conto algum.
Há uns três anos, o ímpeto da infância retornou. Pegava uma folha, ficava horas pensando e nada. Já tinha começado até uns rabiscos, mas ficava só nisso. Lia, embolava e ia fazer outra coisa. Frustrada.
E cada vez a sensação aumentava. Parecia que havia alguém crescendo dentro dela. Grávida de um conto: uma narrativa à espreita.
Apanhados papel e caneta, aquele ser interno se encolhia, se amedrontava. Mas era algo forte, um delírio. Que sumia, entre a mente e a folha, pálida, sobre a mesa, qual adolescente esposa medieval, tomada pela lascívia, deitada em confortável alcova com o esposo, branco e velho marquês impotente.
Um dia resolveu relatar exatamente aquele sofrimento. Sem grandes expectativas, deixando a mão deslizar, escreveu: “Tenho um velho sonho: escrever, pelo menos um conto. Quando menina, fazia belos textos, muito elogiados pelos professores. O destino, brincalhão, no entanto, trançou outros planos...”.
Encheu três folhas nervosas, sem interrupção, o esposo substituído, agora, sobre a palha, por um jovem cavalariço moreno.
Tinha um velho sonho: escrever, pelo menos um conto. Quando menina, fazia belos textos, muito elogiados pelos professores.
O destino, brincalhão, no entanto, tinha trançado outros planos. Muita coisa, muita coisa mesmo tinha acontecido. Se fosse examinar sua vida, veria que a agulha do destino tinha ido de uma ponta a outra, e voltado para a primeira posição, e andado de novo para o outro extremo, e para lá e para cá. Mas ia beirando os sessenta e nunca tinha escrito conto algum.
Há uns três anos, o ímpeto da infância retornou. Pegava uma folha, ficava horas pensando e nada. Já tinha começado até uns rabiscos, mas ficava só nisso. Lia, embolava e ia fazer outra coisa. Frustrada.
E cada vez a sensação aumentava. Parecia que havia alguém crescendo dentro dela. Grávida de um conto: uma narrativa à espreita.
Apanhados papel e caneta, aquele ser interno se encolhia, se amedrontava. Mas era algo forte, um delírio. Que sumia, entre a mente e a folha, pálida, sobre a mesa, qual adolescente esposa medieval, tomada pela lascívia, deitada em confortável alcova com o esposo, branco e velho marquês impotente.
Um dia resolveu relatar exatamente aquele sofrimento. Sem grandes expectativas, deixando a mão deslizar, escreveu: “Tenho um velho sonho: escrever, pelo menos um conto. Quando menina, fazia belos textos, muito elogiados pelos professores. O destino, brincalhão, no entanto, trançou outros planos...”.
Encheu três folhas nervosas, sem interrupção, o esposo substituído, agora, sobre a palha, por um jovem cavalariço moreno.
Um comentário:
Amei o final. Nas asas da imaginação voa-se como e com quem se deseja.
Bjs, Eliane. E inte!
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