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segunda-feira, 15 de março de 2010

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Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Não sabia dizer, exatamente, quando a impressão começou, mas era capaz de ter lembranças muito antigas, de muito pequeno: procurava por alguma coisa.
Pela adolescência, procurou aprender instrumentos musicais: foi violão, foi piano, foi bateria. Nenhum preenchia aquela necessidade de não sabia o quê. Viu que não estava na música seu objetivo inconsciente.
Já rapazinho, pensou que podia ser um amor. Namorou muito, foi bom, acabou casando com uma, já adulto. Foi feliz. Mas viu que não era um amor que tentava encontrar.
E foi assim pela vida afora: pensou que era uma carreira. Encontrou uma, a que se dedicou inteiramente, com vocação. Mas o sentimento de busca não se satisfez.
Desejou filhos. Os filhos vieram. Mas a ânsia estava lá.
A casa própria, os netos, a aposentadoria, a viagem à Europa. Não achava o que o atraía. Nem sabia o que era.
Carregava dentro de si uma insatisfação que não foi preenchida por nenhuma das conquistas da vida comum.
Só depois de morto, finalmente, se viu diante daquilo por que tanto buscara.

(Leia a análise sobre este conto em Literatura em vida2, se quiser, clicando aqui.)

3 comentários:

Luciane Castro disse...

Querida Eliane,
Dia desses meio ser ter o que fazer, fui bem ali acima clicando em "próximo blog"
E assim de blog em blog, cheguei até você.
Confesso que sou péssima leitora, e tenho muita dificuldade para escrever.
Não consigo traduzir em palavras meus pensamentos.
Mais nunca é tarde para mudar os hábitos né rsrs
Gosto muito do que escreve, estou sempre por aqui.
Beijos com carinho,
Luciane.

Márcia Vilarinho disse...

Eliana

Que lindo esse seu texto, entre todos tão bem escritos com a natural luz que a sua alma tem. Paasei pra te ler e estarei sempre por aqui. Beijos.

Mª João C.Martins disse...

Eliane

A vida é exactamente essa busca incessante, que só termina com a morte, instância circunstância ultima da realização humana.

Um abraço