Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)
“Eu dissociado”, diz a psicologia. Havia dois dentro dele. Um que dizia “faça isso” e outro que respondia, sacudindo a cabeça, veementemente: ”Não faço!”
Mas, fora dele, muita gente sempre lhe dizia “faça isso”. E ele não respondia. E não respondendo também respondia: “Não faço!”. “Autista”, diz a psicologia. Mas havia dois dentro dele. Autistas?
E, fora dele, muita gente também dizia para muita gente: “Faça isso.” E muita gente achava até que não fazia. Mas acordava de manhã para ir trabalhar, mas pegava o ônibus entupido de outra gente que também pensava que não fazia, mas tirava da garagem seu carro comprado à prestação em seis anos e ia para o engarrafamento de horas, mas gastava o pouco dinheirinho que sobrava no dia das mães, no dia dos pais, na véspera do Natal, no dia dos namorados, no CD do último cantor sertanejo, no show do cantor estrangeiro decaído que vinha ao país, tudo porque não aceitava o “faça isso”. Independente.
Ele tinha a mesma roupa antiga, que durava muito. A mesma tevê que não era LCD. Andava a pé. Não aceitava cartão de crédito. “Sociopata”, diz a psicologia.
Aguardo sua gentil visita também em Poema Vivo (link) e Literatura em vida 2 (link).
“Eu dissociado”, diz a psicologia. Havia dois dentro dele. Um que dizia “faça isso” e outro que respondia, sacudindo a cabeça, veementemente: ”Não faço!”
Mas, fora dele, muita gente sempre lhe dizia “faça isso”. E ele não respondia. E não respondendo também respondia: “Não faço!”. “Autista”, diz a psicologia. Mas havia dois dentro dele. Autistas?
E, fora dele, muita gente também dizia para muita gente: “Faça isso.” E muita gente achava até que não fazia. Mas acordava de manhã para ir trabalhar, mas pegava o ônibus entupido de outra gente que também pensava que não fazia, mas tirava da garagem seu carro comprado à prestação em seis anos e ia para o engarrafamento de horas, mas gastava o pouco dinheirinho que sobrava no dia das mães, no dia dos pais, na véspera do Natal, no dia dos namorados, no CD do último cantor sertanejo, no show do cantor estrangeiro decaído que vinha ao país, tudo porque não aceitava o “faça isso”. Independente.
Ele tinha a mesma roupa antiga, que durava muito. A mesma tevê que não era LCD. Andava a pé. Não aceitava cartão de crédito. “Sociopata”, diz a psicologia.
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Um comentário:
Todos temos um pouco de autistas, não é mesmo?
Infelizmente os diferentes são estigmatizados, marginalizados e apelidados de "Sociopatas"
Muito bom.
Beijo
Ná
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