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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Terceiro olho

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

A família sempre a achou meio desequilibrada. Tinha mania com a morte. Um dia, acordava e dava uma faxina nos armários, jogava um monte de coisas fora, "para não dar trabalho, quando morresse." Algumas vezes, teve de comprar de novo.
Com muito jeito, um amigo querido e diplomático conseguiu que ela procurasse um psicólogo.
Foi, a princípio, um pouco desconfiada. Depois adorou. Gostava do papo bom, sem compromisso. Conversava, desabafava, pagava e ia embora.
Convenceu-se, claro, de que a gente tem de se preparar para a vida. Comprou sofás novos, um armário grande para o quarto, trocou as cortinas, o fogão e a geladeira.
Morreu atropelada um mês depois, num lindo dia de sol, céu azul, a vida explodindo em todas as suas formas.

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