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domingo, 8 de maio de 2011

Presença

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Mora comigo uma velha. Primeiro vinha só me visitar, de vez em quando. Logo começou a vir cada vez mais amiúde. Depois acabou ficando.
Não sabia quem era, a princípio. Não conhecia aquele rosto marcado fundamente pelo tempo e pela vida, aquelas mãos levemente rugosas, nunca vira antes. Era com surpresa que a via, minha juventude meio chocada: aqueles olhos já enrugando, bem como o pescoço, a pele macilenta dos braços surgiam como uma presença não convidada.
Ignorei-a longo tempo, fingi não perceber-lhe a violação sutil, mas persistente.
Hoje ela já anda por dentro de casa como dona, completada a invasão.
Meio consolo, meio susto, vejo que esse andar fica cada dia menos atrevido, seus passos já se arrastando com um som de fantasma.

3 comentários:

ju rigoni disse...

Eu também já estou dividindo a morada com uma bem ranzinza. Ultimamente, anda a se repetir, e logo há de estar babando. rsrs Já nem consigo me ver ao espelho, - está sempre lá, a danadinha.

Genial, mestra!

Bjs e inté!

ju rigoni disse...

Eu também já estou dividindo a morada com uma bem ranzinza. Ultimamente, anda a se repetir, e logo há de estar babando. rsrs Já nem consigo me ver ao espelho, - está sempre lá, a danadinha.

Genial, mestra!

Bjs e inté!

Marise Ribeiro disse...

Há horas em que tento negar permissão a uma senhora idosa de se instalar em mim: revigoro a mente, camuflo a moradia física, mas o tempo é inexorável e ela consegue penetrar no ambiente. Guerra onde o vencedor é sempre o mesmo.
Ótimo texto, Eliane!
Beijos,
Marise