Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
Sempre pensava nisso. Sentado na mesa do atendente – gerente de banco, repartição pública –, via aquele monte de papéis que o funcionário examinava ou catalogava antes de sua chegada. Quando esse se levantava para pegar alguma coisa, imaginava pegar um bolo do meio daqueles, enfiar na maleta que carregava e, ao final do atendimento, levar. Até que fez.
E a adrenalina que sentiu disparar-lhe o coração, enquanto o outro ia falando inocentemente ou mandando assinar, sem perceber o que ele tinha feito, era incalculável. Nem rapel, nem Bungee Jumping, nem escalada de montanha, nem jogar na roleta ou nos cavalos, nem saltar de paraquedas era igual. Estava arriscando tudo. E se o interlocutor desse por falta dos documentos andes dele sair e sumir?
Pés na rua, se meteu no meio dos passantes, entrou no primeiro ônibus que apareceu, estatelado no banco, ofegante, pálido, no peito uma locomotiva desgovernada, sem maquinista.
Muitas ruas depois, saltou, foi pegar o metrô. Mais calmo, começou a rir discretamente. Que aventura!
Precisava se lembrar do lugar onde tinha feito aquilo. Cuidado para não repetir. Pensou no gerente, louco, “Onde está, meu Deus? Tenho certeza de que pus aqui!”. Afastou o pensamento ligeiro.
Em casa, pensou em olhar o que era, de quem era. Não! Isso não! De repente, podia bater o remorso. E estragaria o prazer do brinquedo. Precisava dar um tempo, não se arriscar, não ficar visado.
Embrulhou os papéis, colocou em um saco bem amarrado e, no dia seguinte, na ida para o trabalho, jogou em um lata de lixo no centro da cidade.
Peito renovado, ia aguardar, pacientemente, a ocasião de uma nova aventura.
Renovo o convite para uma visita a Poema Vivo (link) e Literatura em vida 2 (link)
Sempre pensava nisso. Sentado na mesa do atendente – gerente de banco, repartição pública –, via aquele monte de papéis que o funcionário examinava ou catalogava antes de sua chegada. Quando esse se levantava para pegar alguma coisa, imaginava pegar um bolo do meio daqueles, enfiar na maleta que carregava e, ao final do atendimento, levar. Até que fez.
E a adrenalina que sentiu disparar-lhe o coração, enquanto o outro ia falando inocentemente ou mandando assinar, sem perceber o que ele tinha feito, era incalculável. Nem rapel, nem Bungee Jumping, nem escalada de montanha, nem jogar na roleta ou nos cavalos, nem saltar de paraquedas era igual. Estava arriscando tudo. E se o interlocutor desse por falta dos documentos andes dele sair e sumir?
Pés na rua, se meteu no meio dos passantes, entrou no primeiro ônibus que apareceu, estatelado no banco, ofegante, pálido, no peito uma locomotiva desgovernada, sem maquinista.
Muitas ruas depois, saltou, foi pegar o metrô. Mais calmo, começou a rir discretamente. Que aventura!
Precisava se lembrar do lugar onde tinha feito aquilo. Cuidado para não repetir. Pensou no gerente, louco, “Onde está, meu Deus? Tenho certeza de que pus aqui!”. Afastou o pensamento ligeiro.
Em casa, pensou em olhar o que era, de quem era. Não! Isso não! De repente, podia bater o remorso. E estragaria o prazer do brinquedo. Precisava dar um tempo, não se arriscar, não ficar visado.
Embrulhou os papéis, colocou em um saco bem amarrado e, no dia seguinte, na ida para o trabalho, jogou em um lata de lixo no centro da cidade.
Peito renovado, ia aguardar, pacientemente, a ocasião de uma nova aventura.
Renovo o convite para uma visita a Poema Vivo (link) e Literatura em vida 2 (link)