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domingo, 24 de março de 2013

Glaura, poemas eróticos*


Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais – RJ)

Glaura era meio gordinha. Mas tinha uma cara alegre. E era amiga de dizer umas graças, piscando um olhinho malicioso. Um cabelo quase louro e ondulado emoldurava tudo, dando-lhe um ar de anjo barroco e um pouco safadinho. Enlouquecia os rapazes.
Contava que tinha todo um livro de poemas em sua homenagem. Declamava umas duas quadrinhas. Nem ela sabia que a obra era de 1799. Pois nenhum duvidava que um poeta tivesse feito mesmo mil poemas para ela.
Apesar de umas gordurinhas, os olhos dos homens estavam sempre nela, quando passava, sacudindo o traseiro, involuntariamente, umas saias ligeiramente godet, parecia de propósito. Uns vestidinhos mais para curtos – principalmente atrás, que culpa tinha ela! – e sempre umas sandálias de plataforma faziam o andar irresistível.
Tão mocinha, diziam que era viúva. Duas vezes. Que fossem dez, todo mundo já tinha entrado na fila.

*A personagem se refere – sem saber – à obra de de Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749-1814), poeta do Arcadismo mineiro, participante da Inconfidência Mineira. Abaixo uma quadrinha dali:

Voai, Zéfiros mimosos,
Vagarosos, com cautela;
Glaura bela está dormindo,
Quanto é lindo o meu amor!


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