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domingo, 31 de julho de 2011

Cadeia alimentar

Eliane F.C.Lima (registrado no Escritório de Direitos Autorais)

A pequena aranha se arrastava pela parede, caminhar imperceptível para pegar o mosquito. Quando já estava quase em cima, Marta espantou o inseto, que voou.
A aranha ainda permaneceu parada uns segundos, visivelmente frustrada.
Ela não pôde deixar de sorrir do bicho. E pensou que a gente sempre fica ao lado da vítima, mesmo sendo aquele o caminho da natureza para manter os seres vivos.
E não entendeu seu socorro ao mosquito, se, à noite, amaldiçoava todos de sua espécie, quando causavam tanto incômodo a seu descanso na frente da TV.
Lembrou de um filme que viu na televisão em que uma onça, na Amazônia, caça uma anta, que se banha no rio. Não conseguiu deixar de ter muita raiva da primeira e pena da pobre que foi comida.
Na hora do almoço, diante da travessa de coxas de frango, que tinha preparado com todo capricho, tão coradinhas, cheirosas e fumegantes, não se lembrava de mais nada, meio aranha e inteiramente onça.

Visite também meus blogues Poema Vivo (link) e Literatura em vida 2 (link).

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Papéis

Eliane F.C.Lima (registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Quando parou no sinal, janela ligeiramente aberta, um menino de uns dez anos se aproximou, um caco de vidro na mão. Enfiou o braço pela janela e pediu a bolsa.
Ela acionou o botão para fazer subir o vidro, ao mesmo tempo em que jogava o corpo para cima do banco do carona.
Vendo que o braço ia ficar preso, o garoto puxou-o para fora, furioso.
O sinal abriu e ela deu a partida no carro, ainda vendo a cara e os gestos que fazia a criança, da calçada.
Embora assustada, ia roída de ódio. Que pena que não tinha um spray de pimenta ali. Precisava comprar um.
Pena que não houvesse um dispositivo no vidro da janela que fizesse sair uma descarga elétrica, se a gente apertasse um botão.
Tomara que quando ele fosse assaltar outra pessoa, o sinal abrisse e ele fosse atropelado, que ficasse estripado no meio da rua.
Pena que o pilantrinha tivesse pegado o caco de vidro primeiro.
(Convido quem me visita a meus blogues Poema Vivo (link) e Literatura em vida 2 (link). )